quarta-feira, janeiro 28, 2009

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Se a minha casa estivesse em chamas e eu só tivesse tempo de agarrar numa coisa antes de sair, o que é que salvava?

É esta pergunta que me anda a atormentar desde ontem, depois de uma troca de e-mails parva em que se debatia a questão. Ora, tivesse eu um gatinho, um cão, um periquito, um peixe ou outra bicheza qualquer, a questão estava resolvida e não pensava mais nisso. Mas, tratando-se de objectos…
O Misha, o leãozinho de peluche com quase trinta anos, único sobrevivente da “razia” à bonecada que vivia em cima do armário do quarto e que, recentemente, teve que ir habitar outras paragens para dar lugar a um armário mais alto?
A fotografia da Ana, a minha grande amiga, de quem tive que me despedir para sempre há quase dez anos e que, da sua moldura escura, sorri para mim mal abro a porta de casa?
A tela que a minha sobrinha pintou e me ofereceu no Natal, em que eu apareço a passear no campo, com uns cabelos aos caracóis que parecem bolas de gelado de chocolate?
Talvez. Sim, suponho que podia ser. Mas… são só coisas. Coisas que me são muito queridas, é verdade, mas, ainda assim, coisas. É oficial, sou uma desapegada: não me ocorre nenhum objecto sem o qual não conseguisse viver e que tivesse que salvar das chamas a qualquer custo. Por isso, se a minha casa algum dia estiver a arder – salvo seja! -, saio porta fora de mãos a abanar ou, instintivamente, apanho aquilo que estiver mais perto. As recordações verdadeiramente importantes guardo-as no coração.

28 comentários:

Luísa disse...

Eu salvava o portátil! lol

Marisa disse...

Eu tentava levar o máximo possivel: portatil, caixa das recordações, as prendas que me deram no natal, as fotos que tenho nos placards...

Andreia disse...

Acreditas que já pensei nisso também? E também não sei... talvez a minha moldura digital... lol

P. disse...

podia ser mais do que uma coisa?

bolas, em tempos de crise não há maneira de eu não pensar em levar o maior número de roupa e sapatos possível, caso contrário iria demorar imenso tempo (demasiado tempo)a renovar o guarda fato.

e o portátil, também!

:)

Dry-Martini disse...

Pensava que seria a bola de ping-pong :)

XinXin

Daniel Aladiah disse...

Querida Rosa
Essa acabou, nos dias de hoje, de ser fácil: o portátil!
Sem ele, ficaria quase sem nada. Toda o meu trabalho, toda a minha vida está num disco duro. Milhares de horas de trabalho escrito, que seria quase impossível recuperar. Começar tudo de novo? Nunca imaginei... mas, obviamente, sobreviveria.
Um beijo
Daniel

carla disse...

Pimba! É isso mesmo!
Não que eu seja despegada, sou mm é indecisa em materia de afectos.
E demorei tanto tempo a pensar numa coisinha que fosse enquanto lia o teu texto, que por esta hora o melhor era salvar o meu corpinho mesmo e deixar os pensamentos para outra altura.

Kiss (ja tinha saudades de vir aqui)

Eduardo Lara Alves disse...

Excelente escolha de guardar as recordacoes no coracao.

Robin K disse...

Se comprares um extintor, vais ver como te tornas mais apegada a um bem material. Pelo menos em caso de incêndio.
Eu cá tinha que pegar no Tshintshu, se bem que, maluco como o gajo é, bem que ele saltava da janela sem querer saber do dono…

New Radical disse...

O coração é o nosso melhor baú de recordações e onde consta o nosso tesouro mais precioso
O AMOR!

Kiss

im disse...

No coração parece-me o local mais seguro para guardar recordações, sem dúvida!

Cristina disse...

eu levava um conjunto de peças muito valiosas (não vale a pena discriminar) cuja perda poderia ter para mim consequencias cardiacas graves...:)))

Tite disse...

Amiga Rosa,
Partindo do princípio que as recordações ficam, em qualquer circunstância, nos nossos corações, eu prender-me-ia com coisas práticas.
Telemóvel para chamar os bombeiros e Apólice de Seguro contra roubos e incêndios da minha casinha.
Não é uma boa?

akombi disse...

já tenho pensado nisso, inclusivie o sotão da minha mãe ardeu, e perderam-se grandes recordações, daquelas só servem para encher tipo revistas bravo, capricho, teneegers etc que guradava da fase da adolescencia.

eu sou mto agarrada a recordações materais.

Sofia disse...

Como disse a Luísa logo no início acho que era no portátil que agarrava, que o meu Gimbrinhas é muito novo e tem uma vida longa pela frente:P

Vivemos cercados de coisas que adquirimos como extensão de nós e na verdade não vejo mal nisso porque nem sempre tem de ser uma relação superficial.
Olha só não levava os livros porque não daria tempo:/

Mas a nossa relação de posse com as coisas não é saudável não. A última vez que pensei nisto foi num festival de verão em que comida quente e confeccionada ou um banho decente são luxos, mas no fim... Era o suficiente e já ficava mais uma semana:)

Devíamos ter o hábito de fazer retiros que nos obrigassem a por tudo para trás e filtrar o que é importante do acessório.

:)*

Xana disse...

Eu também só preciso das minhas pessoas para sobrevier.

Tenho que ver esse teu retrato com bolas de gelado de chocolate no cabelo! :)))

Melga do Porto disse...

Ontem tive de tomar uma decisão.
Não sei se acertada ou não confesso.
Mais errada do que certa, mas veremos.
E a mesma questão me coloquei, logo de seguida.
O que levo comigo?
Não hesitei um segundo, até porque não o tinha.
Trouxe tudo comigo!
No coração… para sempre!
PS: vim até aqui, por acaso e mudar urgente de ares
:-)

Espanta Sono disse...

Por vezes também penso nisso e não encontro nenhum objecto realmente importante. Levo comigo o carinho das pessoas que mais amo.
Bom fim-de-semana :)

Cláudia, Pimpo e Pimpa disse...

Sem dúvida o importante está no nosso coração. :]

Bjs Cláudia

Fabulosa disse...

Penso que o mais importante foi dito no fim. Na verdade tudo depende do tipo de fogo, se entramos em pânico ou não, e (talvez o que define mais a situação) depende de conseguirmos deitar a mão - ou não - a alguma coisa. Eu, por exemplo, acho que tentava levar a minha mala (onde tenho a carteira com os meus docs de identificação e cartões bancários).... mas se ela estivesse a arder não sei.... :P

Mary disse...

Eu costumo dizer ao meu marido, se um dia nos separarmos, podes ficar com a casa e os moveis, mas os meus livros, as minhas fotos, minha musica, meu ipod e o meu portátil, vão comigo.
Acho que respondi tua questão.
Já me separei uma vez e foi o que aconteceu, tudo o resto ficou, mas estas coisas que são como se fossem meus filhos, que foram todas compradas com muito carinho , nunca as largaria.

Beijos
Isa

Nilson Barcelli disse...

Eu também não saberia...
Bom fim de semana.
Beijo.

criptog disse...

Quem estiver contigo!

Lu.a disse...

Eu salvava a minha carteira, tenho lá tudo, documentos, cartões, agenda, telemóvel...é tipo mala do Sport Billy, só não sai dali um trampolim!

Blue C disse...

Eu levava as duas gatas e o portátil... e um casaco quentinho... e a minha agenda... ai... entretanto já devia estar em chamas...

[Ariana Aragão] disse...

As memórias (boas) ficam resguardadas cá dentro.
As outras que ardam.

sonia disse...

Não sei bem o quê, mas acho que me fartava de chorar se perdesse as minhas fotos de casamento e as dela :(((

beijinhos

PB disse...

Adorei o texto. Sem dúvida que esse é o melhor local para guardar aquilo que nos é especial...
Beijinhos