Aprendi esta verdade há muitos anos, mas só recentemente
percebi que não se aplica apenas às relações entre duas pessoas. Aconteceu-me
com um carro [sim, eu sou parva a esse ponto], e só agora, à distância, consegui perceber isso. Verdade. Há
pouco mais de um ano, o meu carrinho muito amado teve um acidente que resultou
em perda total, com a seguradora – desalmada! – a dizer-me “sucata com ele,
tome lá um cheque”. Recompus-me do choque o melhor que pude, e como andar sem
carro me transtornava a vida, comprei outro três dias depois. Vendi-o ao fim de
dois meses. Odiava-o! Não encontrava posição de condução, a caixa de
velocidades enervava-me, os pedais encanitavam-me, o motor era um desespero, os
consumos tiravam-me do sério… E só esta semana, quando falava com uma colega
que tem um carro igual a esse, com o qual está muito satisfeita, e ela quis
saber o que é o meu tinha assim de tão mau, é que percebi que não era ele… era
eu. Ele foi o meu “rebound car”. Que me sarou o desgosto de ter ficado sem o carro de que eu tanto gostava, e me preparou emocionalmente para abrir o
coração ao próximo.
quinta-feira, julho 12, 2012
Rebound
Ninguém fica com quem nos ajuda a colar os pedaços do
coração. Acredito nisto, até por experiência própria dos dois lados do muro. O
que equivale a dizer que aquela relação que vem imediatamente a seguir a um
rompimento, não dura. É uma coisa passageira, que nos fortalece a autoestima e
nos prepara para voltarmos a dar oportunidade ao amor, e, por isso, não é amor
em si mesma. A pessoa que está ao nosso lado enquanto colamos os pedaços
partidos do nosso coração, vê o nosso lado mais frágil, enxuga-nos as lágrimas
de saudade que ainda teimam em cair, ampara-nos quando parece que vamos
desfalecer. E quando, finalmente, o nosso coração se conserta, quando voltamos a
sorrir e a acreditar no futuro, a pessoa que vemos refletida nos olhos de quem
estava ao nosso lado, já não é a pessoa que somos, e relação nenhuma resiste a
isso.
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14 comentários:
Se o primeiro foi correndo bem, também sou mais exigente com o segundo. Mas nem sempre é "rebound". Às vezes o fim do primeiro pode ser "aquela pontinha de sorte" que nos levou a conhecer o segundo. =o)
*Pec*
http://pecola.artedoengenho.net
Ora, até nos carros não se devem arranjar substitutos. ;)
confesso que não tinha nunca visto as coisas nessa perspectiva!
Com os carros e com as pessoas não é Rosa?
Beijinho
Nunca me aconteceu com os carros, mas com as pessoas tens toda a razão, é mesmo assim. Com sorte, fica a amizade... ;o)
Beijo, boneca.
Tu és uma gaija tão rebound em ideias que adoro cà vir!!!Ver para crer comparar gaijos com carros ahhahaha és demais!
beijinhos
E no meio desse rebound onde é que ficam os sentimentos do parceiro "reboundeiro", tenha ele duas pernas ou quatro rodas?
Com as pessoas, estou de acordo. Com os carros... só tu! :)))
Pecola, esse "segundo" da pontinha de sorte é, normalmente, o "terceiro". :)
S* Às vezes não há remédio, tem mesmo que ser.
...Ju... As perspetivas têm, normalmente, que ver com as experiências. Talvez seja por aí!
Claro, JP. O post, aliás, começa com as pessoas e só depois segue para os carros.
Wings ;)****
Ah, Sonia, não foi propriamente uma comparação. Ou, quando muito, foi uma comparação entre as situações, e não entre os "sujeitos".
No caso das quatro rodas, Rafeiro Perfumado, a questão dos sentimentos não se coloca. Já no caso das duas pernas... é fodido. Been there. Done that.
Eu sou assim, Xaninha, parva todos os dias. :Þ
:))) Nunca me aconteceu, mas o teu raciocínio faz sentido! Mesmo com a situação do carro.
Tudo começa e acaba em nós. Os outros, sejam pessoas ou coisas, são apenas o veículo de transmissão do nosso descontentamento.
Gostei do teu ponto de vista, ainda que o tenhas apenas depois de andares a bater com a cabeça na parede...
Um beijo, querida amiga Rosa.
olha, deve ter acontecido alguma coisa no dia 12/07 porque também não escrevia desde essa altura. (ah pois, preguiça :)
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