segunda-feira, outubro 30, 2006

Alguém pode vir trabalhar por mim?

Há uns 15 dias foi publicado mais um estudo muito bonitinho, daqueles que não serve para nada: os cientistas descobriram que as pessoas que sofrem de enxaqueca têm o córtex cerebral mais espesso. E em que é que isso contribui para a nossa felicidade? Nicles, zero. É apenas a constatação de um facto. Claro que “eles” têm esperança de que, a partir deste dado, se possa evoluir na pesquisa de uma cura, mas para já, népia.
Se chego ao hospital a morrer de dores, enchem-me de medicamentos para as dores. Se não consigo parar de vomitar, dão-me medicamentos para parar de vomitar. Ser médico é muito fácil… Mas o que eu queria mesmo era que descobrissem uma forma de eu não voltar a passar por isto.
Embora a crise tenha sido no sábado, continuo zonza, dorida, e, o pior de tudo, estúpida. A enxaqueca tolda-me o raciocínio. Começo a sentir-me lerda uns dias antes dela “explodir”, e esse estado prolonga-se por uns dias depois, agravado pela “pedrada” dos [muitos] comprimidos. Por isso hoje estou assim, meio lenta, meio adormecida, meio drogada [sim, eu sei que não dá para ter três metades, mas é assim que me sinto, pronto! :Þ]. E com tanto trabalho para fazer...

sexta-feira, outubro 27, 2006

Deus abençoe as criancinhas!

Estamos a tentar fotografar a capa de Natal. E o miúdo não está, de todo, a colaborar.
Tive que sair do estúdio porque, além de estarem lá dentro 35º à sombra (há pessoas que acreditam mesmo que a regulação de temperatura das crianças não é igual à nossa!), acho que as minhas sugestões de que "um cinto resolve muitos problemas" ou "que tal uma pancada seca na nuca" não estavam a ser muito bem acolhidas... ;)

terça-feira, outubro 24, 2006

Có-có-ró-cóóóóóóóóóóóóóóóóóóó

Ontem, quando me fui deitar, o galo já estava a cantar a alvorada.
[Sim, eu ouço um galo - nunca o vi, mas ouço-o - na minha casa "plantada" no centro de Lisboa]
Está certo que já eram cinco da manhã, mas, ainda assim, acho que ele fez de propósito só para eu me sentir mal e para me recordar que, dali a muito pouco, teria que me levantar. Sim, porque nem os galos acordam à cinco da manhã, pois não?

P.S.: Já vos disse que tenho muuuuito sono?

segunda-feira, outubro 23, 2006

Quando eu tiver um filho...

... ele não vai ter telemóvel e o seu acesso à Internet vai ser muito limitado: salas de chat, nem pensar! Não quero o meu filho a ixkrever komo 1 imbcil.

[Nota mental: não voltar a trocar sms com adolescentes]

sexta-feira, outubro 20, 2006

A minha vida...

... só não está mais estúpida porque eu só tenho uma.
Se eu fosse um gato, a minha vida estaria sete vezes mais estúpida.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Ai, ai...

Custou-me imenso levantar da cama. E agora não me apetece trabalhar. Estou com preguiça… Já repararam que preguiça é, ela própria, uma palavra preguiçosa? Para não ter que usar dois “ésses”, optou por um “cê” com uma cauda. Esta letra sempre me intrigou. Que necessidade temos nós de usar um “cê” com defeito de fabrico? Haverá mais alguma língua que o faça [apeteceu-me mesmo escrever “fassa”…]? Os estrangeiros devem olhar para o nosso “ç” com o mesmo olhar de estranheza com que eu olho para os caracteres árabes. Mas, adiante, lá estou eu a divagar: o que interessa mesmo é que estou com preguiça para trabalhar. Quero fazer meditação, andar à chuva e comprar umas botas que vi nas Amoreiras. Quero voltar para a barriga da minha mãe.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Dos namorados

Namorar um dentista ou um empregado das finanças não é a mesma coisa [quer dizer, imagino que não seja, porque nunca namorei nem um nem outro; mas, enfim, isto é assim a modos que só um exemplo, uma maneira de dizer...]. Porque eles [homens] têm mais tendência que nós [mulheres] a misturar o que são com o que fazem, há situações cujo desfecho é directamente determinado pela profissão. Deixo-vos duas que se passaram comigo [eventualmente, é uma secção a continuar]. Contem-me as vossas histórias aí nos comentários! :)

Um jornalista da área automóvel [pequena nota para o pessoal que me conhece: não, não foi aquele que vocês estão a pensar; nem tudo na minha vida é um livro aberto :Þ]:
Algures numa posição menos… convencional dentro de um 206 [e não, eu ainda não tinha um na altura], bato com a cabeça já nem me lembro bem onde e queixo-me. Comentário dele, com um ar muito profissional: “É o utilitário mais espaçoso do mercado…”.

Um piloto da TAP:
Na minha casa, que é perto do aeroporto, quase três da manhã, os dois à conversa no sofá, ouço passar o terceiro avião no espaço de 20 minutos.
Eu: Credo, tanto barulho! Não era suposto os aviões não poderem circular entre a meia-noite e as seis da manhã?!
Ele: Se tiverem o instrumento de medição do ruído podem levantar e aterrar a qualquer hora, mesmo que… [entretanto, repara no meu olhar] O que foi?
Eu: Era uma pergunta retórica…

sexta-feira, outubro 13, 2006

Do sentimento

Poucas coisas me irritam tanto como quando me dizem: “Não podes ser tão sentimental”.
Se choro porque vi um cão morto na estrada: “Não podes ser tão sentimental”.
Se fico deprimida porque passei uma tarde no IPO: “Não podes ser tão sentimental”.
Se digo que prefiro ficar o resto da vida a pagar uma dívida que não me pertence do que meter uma ex-grande amiga em tribunal: “Não podes ser tão sentimental”.
Se recuso ver o espectáculo dos golfinhos porque me faz impressão a piscina minúscula onde eles vivem: “Não podes ser tão sentimental”.
Se tenho ganas de atropelar as mulheres que me aparecem a pedir esmola nos semáforos, com bebés ao colo ou crianças minúsculas pela mão: “Não podes ser tão sentimental”.
Se perco o sono porque jantei com uma amiga e a achei muito triste: “Não podes ser tão sentimental”.

Ora vamos lá a saber: não posso, porquê?! Houve algum livrinho de regras onde isso estava escrito que se esqueceram de me distribuir à nascença? Só sei reagir a questões que envolvam sentimentos de uma forma… sentimental! Isso é assim tão estranho?
Eu, pelo contrário, fico logo de pé atrás quando alguém se prepara para me contar uma decisão que tomou e começa por dizer “Não podemos ser sentimentais”: é garantido que vai fazer alguma coisa cruel.

terça-feira, outubro 10, 2006

Ouch!

Primeiro o Homem inventou o fogo. Depois a roda. De seguida arranjou forma de voar e, mais tarde, até pôs os pés na Lua. Diz-se. Entretanto, inventou a mini-saia, a pílula, o microondas, o sundae de caramelo, a Via Verde nos parques de estacionamento. O Homem transplanta corações, faz cirurgias ao cérebro, mas não é capaz de inventar a porcaria de uma anestesia local para quando vamos à depilação! Hellooooo?!!! Andamos com as prioridades um bocadinho baralhadas, não, senhores cientistas?!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Urgente: globalizar justiça social, ética e humanismo*

Numa época em que os transportes e as comunicações nos permitem chegar rapidamente a qualquer lado, ou, pelo menos, saber o que passa em qualquer parte do planeta, o fenómeno da globalização começa a ganhar novos contornos. O mundo tornou-se mais transparente e o acesso à informação mostra-nos guerras travadas em nome do petróleo, ocupações ilegais que aumentam a instabilidade em vez de a diminuírem, milhões de africanos seropositivos enquanto os direitos de patentes das multinacionais farmacêuticas lhes aportam lucros chorudos e condicionam a produção de medicamentos mais baratos, emigrantes ilegais a viverem em condições sub-humanas, países pobres que vêem a sua dívida externa aumentar a cada dia porque não são livres de controlar os preços ou as taxas dos produtos que fabricam… E à medida que as imagens e os relatos nos entram pela casa, a um ritmo diário, desenvolve-se em nós uma dupla consciência: por um lado, apercebemo-nos de que somos cidadãos do mundo e que o que se passa por lá nos afecta pessoalmente, tornando a globalização num processo natural e inevitável; por outro, concluímos que esta globalização a que assistimos, assente fundamentalmente em pressupostos económicos e políticos, está deslocada, caduca.
Sabiam que há quatro cidadãos americanos que, juntos, possuem tanta riqueza quanto 43 países menos desenvolvidos, equivalendo a uma população total de 600 milhões de pessoas? Será preciso maior prova de que esta globalização está completamente fora do contexto e é, mais do que injusta, ridícula? A dominação exercida pela Europa, desde há cinco séculos, pela América do Norte, desde há um século, e pelo Japão, desde há quatro ou cinco décadas, baseada na exploração e na opressão, está fora do tempo e do lugar. Está na hora de evoluirmos. Está na hora da globalização assumir um carácter mais humano, mais consonante com o lugar que o social e o ético deveriam ocupar na agenda dos diversos governos. Antes que sejamos irremediavelmente corrompidos e nos vamos progressivamente desumanizando e ficando insensíveis à miséria e à carência.

*O livro que acabei de (re)ler ontem fez-me voltar a pensar nisto.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Vivissecção*

*Do Latim vive + sectione; dissecação anatómica feita em animais vivos com fins experimentais.

Atrocidades não deixam de ser atrocidades quando cometidas em laboratórios e apelidadas de pesquisa médica.
George Bernard Shaw


Perguntem aos vivissectores por que fazem experiências em animais, e a resposta é: "Porque os animais são como nós". Perguntem aos vivissectores por que é moralmente correcto fazer experiências em animais, e a resposta é: "Porque os animais não são como nós". A experimentação animal assenta numa contradição lógica.
Charles R. Magel


[Todos os dias são bons para nos lembrarmos que os animais podem não falar nem usar botas, mas sofrem como nós. O Dia Mundial do Animal serve para que se fale sobre o assunto um pouco por todo o lado. E este blog não podia deixar de juntar a sua voz a este grito que, felizmente, se ouve cada vez mais alto]

terça-feira, outubro 03, 2006

segunda-feira, outubro 02, 2006

Podemos fugir?*

Um dia, um mercador, em Bagdade, enviou o seu servo ao mercado para comprar mantimentos e o servo regressou quase a seguir, lívido e a tremer, e disse: “Senhor, estava no mercado e uma mulher chocou comigo e quando me virei vi que era a Morte. Ela olhou para mim e fez um gesto ameaçador. Empreste-me o seu cavalo e eu fugirei da cidade. Irei para Samarra e, aí, a Morte não me encontrará”. O mercador emprestou-lhe o cavalo, o servo montou-o e seguiu tão rápido quanto o cavalo podia galopar. Então, o mercador foi ele próprio comprar os mantimentos e lá encontrou a Morte. Reconheceu-a no meio da multidão, aproximou-se dela e perguntou-lhe: “Porque é que fizeste um gesto ameaçador ao meu servo, quando o viste esta manhã?”. E a Morte retorquiu: “Não era um gesto ameaçador, era apenas um sobressalto de surpresa. Estava espantada de o ver em Bagdade, quando tenho um encontro marcado com ele, esta noite, em Samarra”.
[Esta alegoria faz parte de um conto, cujo autor não me consigo lembrar]

*A morte é só um exemplo, claro. Refiro-me ao "destino" no geral. É que embora acredite no livre arbítrio e na capacidade de escolha, há determinadas coisas às quais, por mais que me esforce, não consigo escapar. Estão previamente definidas, ou sou eu que não me esforço o suficiente?